quarta-feira, 18 de fevereiro de 2015

Angola continua a perder peso na produção da Galp Energia




David Rodrigues

Empresa lusa, participada da Sonangol, vê a produção em Angola a cair, e o Brasil vale já 76% do petróleo e gás a que tem direito nos seus investimentos. Segundo a empresa, dois novos poços entram em produção este ano, em Angola. Lucro subiu 20% face a 2013 e política de dividendos vai manter-se, diz o CEO da Galp.
A produção petrolífera no campo Lianzi, no bloco 14k, localizado na fronteira entre Angola e a República Democrática do Congo (RDC), deverá arrancar no segundo semestre do ano, revelou a Galp Energia. De acordo com a empresa, que detém 4,5% do bloco e divulgou esta semana resultados relativos a 2014, a produção vai ocorrer em dois poços. Relativamente ao campo Lianzi, no bloco 14k, deu-se continuidade [em 2014] aos trabalhos de desenvolvimento, como início da perfuração de quatro poços, dos quais dois produtores.
O início de produção é esperado no segundo semestre de 2015, explica a companhia. O bloco 14k, em offshore (500 a mil metros de profundidade), é operado pela Chevron Overseas Congo LTD, com uma participação de 15,75%. Integram também o bloco, que ocupa cerca de 700 km2, a CABGOC (15,5%), a Sonangol (10%), a SNPC (7,5%), a TFE (10%), a TEPC (26,75%) e a Eni (10%). No ano passado, segundo a empresa, no bloco 14, destaca- -se a conclusão da perfuração de um poço produtor no campo TômbuaLândana (TL), e a entrada em produção de novos poços no campo BBLT [Benguela- -Belize-Lobito-Tomboco].
A Galp detém 9% deste bloco, o único em produção entre os que são participados pela empresa portuguesa. A Chevron (operador) tem 31%, e a Eni, a Total e a Sonangol detêm 20% cada. A produção working interest da Galp - participada da Sonangol - em Angola caiu cerca de 0,3 mil barris de óleo equivalente por dia (kbopd em inglês), ou seja, 2% face ao quarto trimestre de 2013, para 11,0 kbopd, devido à menor contribuição do campo Kuito, no bloco 14, no seguimento da desmobilização da FPSO, no final de 2013, explica a empresa, em comunicado.
Contudo, a produção net entitlement (aquela a que empresa tem efectivamente direito) avançou 3% face ao homólogo de 2013, para 8,1 kbopd, uma vez que a diminuição da produção working interest foi compensada pelo aumento das taxas de produção disponíveis sob o cost oil, ao abrigo dos contratos de partilha de produção.
Angola tem vindo a perder peso na actividade petrolífera da Galp, com o Brasil a garantir 76% do total da produção net entitlement no quarto trimestre de 2014, face a 64% no mesmo período de 2013. A produção oriunda do Brasil subiu 11,3 kboepd face ao quarto trimestre de 2013, para 25,3 kboepd.
No último trimestre do ano, o preço médio de venda de petróleo e gás natural foi de 66,4 USD por barril equivalente de óleo (boe na sigla em inglês), uma quebra de 38,7% face ao trimestre homólogo. Em termos anuais, o preço médio foi de 88,7 USD/boe, que comparam com os 100,8 USD/boe de 2014, uma quebra de 12,1%.
O lucro da empresa liderada por Manuel Ferreira de Oliveira aumentou 20,2% em 2014, para 373 milhões de euros (44,4 mil milhões Kz). O facto de operarna refinação e no gás natural permitiu compensar um desempenho operacional penalizado pelas cotações do petróleo, explica a empresa. Segundo o CEO, a companhia vai manter a política de dividendos que é conservadora, por termos a política de investimento que temos. Em Setembro passado, a Galp pagou um dividendo intercalar bruto de 17,28 cêntimos por acção relativo ao exercício de 2014. Em 2013, pagou um dividendo de 28,8 cêntimos, face a 24 cêntimos em 2012.

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