segunda-feira, 8 de dezembro de 2014

Portugal que não se esqueça: temos (e teremos) memória





Orlando Castro
               
Chefe de Redacção do Jornal Folha 8
                    jornalf8.net

Se alguém quiser saber a quem a Rainha Fabíola deixou a herança, ou o que correu mal, no Iémen, no resgate a Luke Somers, ou como Mário Soares festejou o 90º aniversário, ou sobre a identificação dos restos mortais de um dos estudantes mexicanos desaparecidos, pode ler a Imprensa portuguesa.
No entanto, se quiser saber como é que, hoje, foram violentamente reprimidos os manifestantes que em Luanda protestavam contra a violência da Polícia… nada encontra nessa mesma imprensa.
De facto, a comunicação social portuguesa passa ao lado, com toda a legitimidade inerente ao facto de ser cada vez menos comunicação e cada vez mais comércio ao serviço dos seus donos, do que realmente se passa em Angola quando os factos não abonam o regime.
E em bom português (também este cada vez menos bom) dir-se-á que cada um sabe de si e que o poder económico (mais do que o político) sabe de todos. Com razão há quem diga, é o nosso caso, que nas ocidentais praias lusitanas, no que a esta questão respeita, há todo o poder dos dólares do MPLA, da Sonangol, do clã Eduardo dos Santos (são tudo sinónimos).
Tal como por cá, também em Portugal, os jornalistas que tiverem a lata de querer dar voz a quem a não tem, correm o risco de serem transferidos para o desemprego. O que conta é o interesse de quem mete dinheiro a rodos na comunicação social lusa. E esses não estão interessados em que se fale da verdade.
De há muito que se assiste ao recrutamento pelo MPLA de mercenários da imprensa em Portugal para, em Luanda ou em Lisboa, ajudarem a silenciar uns tantos e a manter no poder os que já lá estão há 39 anos. Quem tiver dúvidas poderá comparar a bajulação ao regime com a (não) cobertura a todas as actividades que sejam de sentido contrário.
Dizem-nos (o que obviamente é mentira) que o MPLA/Governo de Eduardo dos Santos contratou mercenários da imprensa para, em Portugal, ajudarem a silenciar uns tantos que teimam em ser livres e que se julgam no direito de criticar a governação de um país que é paradigma da democracia e que, aliás, foi elogiada pelos diferentes primeiros-ministros de Portugal, até mesmo e sobretudo por aquele, José Sócrates, que está detido sob a acusação de corrupção, branqueamento, burla fiscal etc..
Porque razão a imprensa portuguesa só consegue descrever o que vem nos manuais do MPLA e que são distribuídos nas recepções dos hotéis de cinco estrelas de Luanda?
Porque razão grande parte da imprensa portuguesa veta (é óbvio que por “razões” legais, funcionais, editoriais, e uns tantos outros ais) os Jornalistas que querem escrever sobre a outra face do Governo de Luanda?
Porque razão os portugueses são obrigados a comer as verdades oficiais do Governo de Luanda sem que, em Portugal, se diga, mostre e prove (o que não é nada difícil) que a ditadura de Eduardo dos Santos só interessa aos poucos que têm milhões e não aos milhões que têm pouco ou nada?
O MPLA domina (por força do dinheiro com que compra quase tudo e quase todos) grande parte da imprensa portuguesa. Começou por ter nas mãos alguns mercenários que estão em estratégicos postos de comando e, mais recentemente, mosquitou a questão comprando mesmo esses meios.
Mercenários bem pagos (é claro!) e que quando se deslocam a Luanda (à Luanda de Eduardo dos Santos, Isabel dos Santos, Passos Coelho e Cavaco Silva, que não à do Povo) ficam nos melhores hotéis, comem do melhor, bebem do melhor e até têm das melhores companhias que o general Kangamba tem ao seu serviço.
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