quinta-feira, 20 de setembro de 2012

MORTE POR FOME ESPREITA NO MUNICÍPIO DOS GAMBOS (HUÍLA)


Reina perigo de morte por fome no município dos Gambos, na província da Huíla, numa comunidade estimada em cerca de 150 mil habitantes.
O alerta foi feito pelo Padre Jacinto Pio Wakussanga, Presidente da ONG “ Construindo Comunidades”.
http://www.apostolado-angola.org
A região semi-desértica habitada maioritariamente pelas etnias Muhacavanas e Mucubais, consta da avaliação feita em Maio pelo Departamento Nacional de Nutrição, do Ministério da Saúde, com o apoio das Nações Unidas como das mais afectadas pela estiagem que assola dez províncias angolanas.
 No entanto, o quadro piorou e nada foi feito para acudir as populações afectadas pela seca.
 Além da estiagem o Padre Pio enumerou a explosão demográfica nos Gambos, a distribuição iníqua de terra e recursos naturais, bem como a intensa exploração de rochas ornamentais como factores agravantes da fome.
 “ Alguns fazendeiros controlam grande parte das terras, que pouco as usam para a agricultura e mais para a pecuária. Mas, os fazendeiros controlam apenas quatro por cento do gado, enquanto os populares controlam 96 porcento da reserva ganadeira no município”, disse o presbítero.
 O Padre Pio explicou que “ os fazendeiros usam grande parte das terras para deixar crescer capim e com este produzir feno de reserva, para a alimentação do gado”.
 Enquanto isso, ainda de acordo com o religioso, os populares têm de usar pouca terra, tanto para agricultura de subsistência como para o pasto.
 Sobre a exploração do granito, como actividade alternativa à agro-pecuária, o sacerdote afirmou que a mesma “ não produz quaisquer benefícios para as comunidades locais.
 Segundo a chefe de departamento para a assistência da direcção provincial da Assistência e Reinserção Social, Francelina Tomás, decorrem levantamentos sobre a situação de fome com vista a assistir os populares.
 O Município dos Gambos situa-se a 127 quilometros a Sul da cidade do Lubango, a capital da Província da Huíla, e faz fronteira com as províncias do Cunene e do Namibe.
 No entanto, não há informação pública sobre a disponibilização das verbas e dos programas implementados para minimizar os efeitos negativos da estiagem.
 22 mil crianças podem morrer à fome
A avaliação realizada em Maio passado pelo Departamento Nacional de Nutrição, do Ministério da Saúde, com o apoio das Nações Unidas, indica que cerca de 533 mil crianças, com menos de cinco anos, nas dez províncias angolanas mais afectadas pela seca estão em situação de má-nutrição aguda.
A informação está contida no relatório publicado pelo Escritório das Nações Unidas para a Coordenação de Assuntos Humanitários (OCHA), em Maio passado.
A avaliação oficial calcula em 20 porcento o número de crianças em situação de má-nutrição severa (105,000 a 110,000 crianças), e uma possível taxa de mortalidade de 20 porcento dentre estas. Ou seja, 21,000 a 22,000 crianças angolanas podem morrer à fome este ano.
O Ministério da Agricultura, Desenvolvimento Rural e Pescas (MINADERP) estima que cerca de u
O número corresponde a cerca de 10 porcento do total da população angolana e indica, como as áreas mais afectadas, as províncias do Bengo, Kwanza-Sul, Benguela, Huíla, Namibe, Cunene, Moxico, Bié, Huambo e Zaire.
Em Abril passado, o Conselho de Ministros aprovou o plano de resposta à seca do MINADERP, avaliado em US $43 milhões, destinados à assistência alimentar de emergência e à distribuição de sementes e utensílios agrícolas para a preparação da lavoura em tempo oportuno.

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