segunda-feira, 23 de julho de 2012

Violência Política em Benguela


Por Maka Angola e Nelson Sul D’Angola:
A intolerância política, na província de Benguela, forçou na noite passada, o abandono precipitado de sete famílias conotadas com a UNITA, num total de 31 pessoas, da comuna da Capupa, para a sede do  município do Cubal, onde chegaram ao fim da manhã.
Segundo Paulo Kananga, militante da UNITA, que teve de abandonar às pressas a sua residência, com esposa e três filhos, “o secretário do MPLA na povoação de Cambulo, Deolindo Dumbo, foi à minha casa, armado com zagaia e flechas, enquanto o sr. Filipe César, do comité local do MPLA, foi de catana na mão, para expulsar-nos da área”.
“Eles foram à minha casa para ameaçar-me de morte, de que as flechas serviriam para mim e à minha família, se continuássemos na área”, explicou Paulo Kananga ao Maka Angola.
Os militantes do MPLA visitaram, com a mesma estratégia e armados, as residências de outros influentes membros da UNITA a nível local.
A 12 de Julho passado, militantes do MPLA atacaram adversários da UNITA com catanas, paus e outros objectos contundentes, tendo estes ripostado com igual violência. Os agressores tentavam impedir a realização de um comício da UNITA e o governador provincial de Benguela, general Armando da Cruz Neto, teve de intervir pessoalmente. Também as forças da Polícia de Intervenção Rápida (PIR) tiveram de ser destacadas no local para assegurar a realização do evento, a 14 de Julho, e manter a ordem pública.
Com a retirada da PIR, os militantes do MPLA, de acordo com vários depoimentos recolhidos no local, enceteram a caça ao homem, sobretudo na aldeia de Caipumba, onde habitam mais militantes da UNITA.
Outro dos afectados, o seculo (autoridade tradicional) da aldeia de Mutira Wemba, Silva Chimbinguili, viu a sua quinta, com um bananal de mais de mil pés, destruída, com a introdução de gado por militantes do MPLA nas suas terras, nos últimos dias.
Mais preocupante é o facto de 19 dos deslocados serem crianças com idades compreendidas entre os cinco e 14 anos, que tiveram de caminhar, a pé, mais de 40 kms.
A secretária municipal da UNITA no Cubal, Luciana Rafael, condenou as ameaças e referiu que “o nosso adversário [o MPLA] aposta, a todo o custo em impedir a implantação da UNITA na Capupa. Depois da actividade de 14 de Julho, optaram pela vingança, e o grau de intolerência tem vindo a subir”.
Por sua vez, em exclusivo ao Maka Angola, o comandante da Polícia Nacional no município do Cubal, superintendente José Leão, disse que as afirmações dos militantes da UNITA não correspondem à verdade. Segundo o comandante, a sua instituição não registou nenhum acontecimento ou sinais que possam pôr em causa a ordem pública ou resultar em actos de violência contra militantes do maior partido na oposição. “Pela responsabilidade que a UNITA tem, devia no mínimo, comunicar as autoridades e a polícia para pudermos averiguar se esta informação corresponde ou não com a verdade”, disse o superintendente Leão.
O comandante Leão revelou, ainda, que a Comissão de Defesa e Segurança esteve reunida nesta segunda-feira, 23 de Julho, e, das questões passadas em revista no referido encontro, não houve qualquer referência às alegações dos militantes da UNITA. O superintendente Leão disse que tomou conhecimento do caso através do contacto feito pelo Maka Angola.
Aproveitando a ocasião, o responsável da polícia apelou à direcção da UNITA a comunicar, à Polícia Nacional, quaiquer ocorrências que ponham em causa a vida dos cidadãos, independentemente da sua filiação partidária.  O superintendente José Leão apelou também às populações locais a manterem a calma e a tranquilidade. “Nenhum cidadão, seja ele militante da UNITA ou do MPLA, estará mais em perigo neste município”, disse.


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