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Canal de Opinião por Noé Nhantumbo
Rolam cabeças no Barclays mas ainda muita tinta correrá…
Beira
(Canalmoz) – Aquelas engenharias financeiras que fizeram implodir algumas
empresas muito importantes nos Estados Unidos da América, estão a revelar-se
experiências aprendidas e aplicadas por alguns gestores bancários de topo,
noutras partes do mundo.
A
notícia de primeira página é agora a demissão do CEO do Barclays em Londres.
Tudo por causa da manipulação de taxas de juros. O chamado Libor que todos
utilizam para realizar os seus negócios (aqui em Moçambique também) estava
afinal inquinado, verdadeiramente manipulado por alguns dos maiores bancos do
mundo.
Na
esteira disso já há avultadas multas pagas. As investigações prosseguem para se
apurar a dimensão real deste escândalo que a ser verdade, como tudo indica que
sim, vai provocar mais danos sérios nas finanças internacionais.
Sendo
a banca a estrutura a que todos recorrem para realizar as suas transacções,
importar, exportar, pagar, poupanças, tudo isto acaba por ter reflexos na vida
de milhões de seres que nada podem para evitar estas coisas.
Pelo
que tudo dá a entender e a perceber a banca internacional nomeadamente dez dos
maiores bancos do mundo estão envolvidos num processo de manipulação de taxas
de juros. O Libor de Londres teria sido manipulado. Já há multas e a
investigação estende-se por três continentes.
Diamond,
norte-americano, que até há dias era CEO do Barclays demitiu-se com efeitos
imediatos. Seu banco teve que pagar as autoridades americanas e britânicas 450
milhões de dólares de multas.
O
caso envolve os maiores bancos do mundo e as investigações sobre este jogo sujo
não deverão terminar tão já.
É
uma crise de confiança que vem juntar-se às muitas outras que se têm vindo a
suceder em catadupa.
O
sistema financeiro internacional entregue a auto-regulação de banqueiros
“ferozes”, ávidos de bónus por desempenhos que raramente tiveram, está aprofundando
a dimensão da crise que as finanças internacionais vivem.
Da
Espanha chega a notícia de que um dos responsáveis máximos do Bankia foi
indiciado juntamente com todo o Conselho de Administração de falsificação de
informações.
Os
resultados que os bancos registaram em 2011 trazem consigo preocupações e não
são unicamente os accionistas que se preocupam. Os governos têm boas razões
para mandar investigar o que andou a ser feito pelos gestores e seus traders.
Será que o irão fazer? – É pergunta que só o tempo nos permitirá conhecer.
Quando
se diz que há uma crise de confiança nos mercados é algo bem real que se
repercute na vida das pessoas.
Gente
que se supunha séria e acima de tudo e de todos, com o poder que o dinheiro
lhes conferia afinal andava a cozinhar as contas e a manipular as taxas de
juros. Quanto dinheiro não foi ilegitimamente ganho e perdido só porque alguns
gestores se mancomunaram e se puseram a “cozinhar os números através da fervura
das taxas de juro?
Quantos
milhões em bónus não receberam gestores de muitas instituições financeiras com
peso mundial?
Quantos
milhões de pessoas não terão visto suas finanças afectadas por causa de jogos
sujos de gestores de bancos em que se depositava confiança?
E o
que andam a fazer os tais governos estáveis e certas oposições que não se
cansam de duvidar que noutros países possa haver alternativas? De que
alternativas procuram se entre as suas próprias portas acontecem estas coisas?
Bancos
que foram resgatados com dinheiros públicos, milhões de dólares que foram
colocados à disposição de gestores perigosos acabaram não servindo para os fins
que se alegavam.
A
situação é grave e as soluções estão-se tornando cada vez mais complicadas.
Nunca
foi tão importante colocar regulamentação forte e rigorosa na arena das
finanças internacionais, mas os governos não agem a tempo. Porque será? A
corrupção anda a distraí-los?
Os
bancos estão assim a perder credibilidade e quem tem o seu guardado nessas
instituições está sujeito a grandes surpresas. O risco é cada vez maior.
O
tempo para a tomada de decisões fortes, vinculativas, corajosas é hoje e não
amanhã.
As
investigações ou o que se noticia delas afirmam que os bancos fizeram falsas
declarações de suas contas e isso envolve um número considerável de gestores. A
Espanha traz alguma luz sobre o que realmente terá acontecido nos seus bancos.
A
soma de más notícias na frente financeira acaba com as dúvidas que os cidadãos
afectados nos diversos países ainda tinham no sistema financeiro. Está-se a
confirmar que está mesmo um caos.
É
verdade que a luta pelos lucros pode ter efeitos diferentes em diferentes
entidades mas o que se pode ver com facilidade é que quase todas as
instituições mergulhadas em crise viram seus gestores se demitindo com
benefícios financeiros no lugar de serem punidos. O receio de que se expliquem
assusta quem?
Devido
ao seu papel fundamental na esfera económica e financeira há uma tendência
forte de tratar com “panos quentes” gente que mexe com dinheiros alheios.
Muito
lixo cairia se por exemplo houvesse uma investigação consequente do que se
passa na Espanha e em muitos bancos por esse mundo fora.
O
actual governo espanhol na pessoa de seu primeiro-ministro embora nada indique
que esteja relacionado com os gestores de topo do Bankia e de outros bancos com
problemas não deve estar atravessando momentos de sossego. Afinal os acusados
de falsas informações e indiciados criminalmente são figuras de relevo do
partido que actualmente forma o governo, o Partido Popular.
Se
em Moçambique quase nada se diz quando o Banco Central altera taxas de juros e
os bancos comerciais não actuam na mesma direcção isso tem reflexos limitados
devido à dimensão da economia moçambicana. Os lucros avultados anunciados com
pompa e circunstância pelos bancos comerciais actuando em Moçambique resultam
de taxas de juros que lhes são excessivamente favoráveis, presume-se.
O
que os investidores encontram em Moçambique tem sido almofada para as operações
executadas com enormes prejuízos pelas sedes de alguns bancos na Europa. O que
se estará a permitir aqui com a banca para tantos bancos abrirem por cá como
cogumelos?
Vamos
ver toda a comunicação social influente relegando para as páginas secundárias
dos jornais as notícias relacionadas com a manipulação das taxas de juro pelo
grandes bancos porque isso não convém, especialmente neste momento em que os
países da zona do Euro se batem com pressões de suas dívidas soberanas e a
economia americana tarda a recuperar como se esperava ou pelo menos se
desejava.
Qualquer
investigação que este assunto for a merecer na arena internacional será
politicamente controlada de modo a que os danos ao sistema sejam os menores
possíveis.
E
nessa linha de actuação estarão os órgãos de comunicação social mais influentes
do mundo… Onde já chega a promiscuidade!... Será!? O que nos reserva isto que
está a acontecer pelo mundo? (Noé Nhantumbo)
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