11
DE JULHO DE 2012
Notas sobre o Acordão de Rejeição da candidatura do BD às
Eleições Gerais de 2012
·
O s antecedentes
O TC convocou
tardiamente os partidos para dar orientações e fornecer os modelos de recolha
das subscrições dos cidadãos. Teimou na ideia de que não bastava a assinatura e
a identificação dos eleitores subscritores (através do nome, nº de CE e do
grupo) mas que havia também a obrigatoriedade de fazer acompanhar as
subscrições com as fotocópias dos respectivos cartões de eleitores.
Depois no processamento
desvalorizou completamente as fotocópias e aceitou subscritores mesmo não se
fazendo acompanhar da fotocópia do CE, o que é perfeitamente aceitável nos
termos da exigência da lei (o que não era aceitável era a exigência de se fazer
acompanhar a subscrição com as fotocópias dos CE). Mas, este requisito exigido
pelo TC condicionou de forma negativa a recolha de assinaturas, até porque
outros organismos do Estado, em paralelo, faziam uma intensa propaganda contra
a ideia de facultar o CE para se fazer fotocópia.
Os
números do TC versus do BD
O BD entregou ao TC, a
19 de Junho, a sua candidatura suportada por mais assinaturas de cidadãos
eleitores, acompanhadas das respectivas fotocópias, do que aquelas que o TC
contabilizou.
Por exemplo, na 1ª entrega, o BD fez presente 5.271 subscrições para o círculo
nacional mas o TC apenas considerou 4.722 subscritores entregues (tendo
posteriormente invalidado 1.176). Há aqui um diferencial de menos 549
subscrições que não foram consideradas sem nenhuma explicação.
A 29 de Junho, para
suprimento das irregularidades apresentou, na 2ª entrega, para o círculo
nacional, 4.967 assinaturas mas o TC considerou apenas 4.489 subscritores, registando
outro diferencial, para menos, de 478 assinaturas que não foram tidas em
conta.
Há um total de 1.027
assinaturas excluídas, em relação ao círculo nacional, sem nenhuma explicação.
Com os círculos provinciais passou-se, em geral, a mesma coisa, os números do
BD não coincidem com os do TC.
O
TC não deu nenhuma explicação para a diferença em falta.
O Acordão 206/2012 apenas
se explicou em relação às assinaturas consideradas irregulares, nos seguintes
termos:
(ver mapa de
conformidade e inconformidade de apoiantes – BD, quadro 1)
circulo
|
Apoiantes indicados
|
Nº CE inexistente no FICRE
|
Nº CE invalidado no FICRE
|
Apoiantes fora do círculo
|
Apoiantes duplicados na candidatura
|
Apoiantes duplicados na candidatura
|
Assinatura não conforme
|
Total de apoiantes não conforme
|
Total de apoiantes conforme
|
Nacional
|
4.722
|
454
|
18
|
0
|
108
|
318
|
0
|
898
|
3824
|
Total
|
12082
|
1195
|
69
|
738
|
207
|
695
|
0
|
2904
|
9178
|
Depois
o BD, como suprimento, entregou mais um Total de 4.967 subscrições,
distribuídas da seguinte forma:
circulo
|
2ª entrega
|
faltava
|
Restos
|
Nacional
|
961
|
1176
|
+18
|
Bengo
|
510
|
496
|
+14
|
Benguela
|
228
|
48
|
+180
|
Bie
|
120
|
106
|
+14
|
Cabinda
|
164
|
113
|
+52
|
Cuando
Cubango
|
108
|
313
|
-205
(+254)
|
Cuanza
Norte
|
129
|
308
|
-179
(+180)
|
Cuanza
Sul
|
160
|
101
|
+59
|
Cunene
|
426
|
301
|
+125
|
Huambo
|
88
|
82
|
+6
|
Huíla
|
192
|
157
|
+35
|
Luanda
|
186
|
100
|
+86
|
Lunda
Norte
|
-
|
0
|
+53
|
Lunda
Sul
|
196
|
134
|
+62
|
Malanje
|
494
|
300
|
+174
|
Moxico
|
257
|
290
|
-33
(+101) +67
|
Namibe
|
92
|
160
|
-68
|
Uíge
|
541
|
428
|
+113
|
Zaíre
|
235
|
262
|
-27
(+40)
|
Total
|
4.967
|
|
1.865
|
Finalmente sai o
Acórdão 220/2012 de rejeição da candidatura que considerava que tínhamos
apresentado 16.944 subscritores mas que apenas 11.997 estavam conforme,
dizendo-nos depois que faltavam 2.301 subscrições (o que mostra que o Tribunal
Constitucional não sabe fazer contas), distribuídos nos seguintes termos:
circulo
|
Primeiras
insuficiências
|
2ª entrega
|
Segundas
insuficiências
|
Nacional
|
1176
|
961
|
712
|
Bengo
|
496
|
150
|
423
|
Benguela
|
48
|
228
|
-
|
Bie
|
106
|
120
|
-
|
Cabinda
|
113
|
164
|
75
|
Cuando
Cubango
|
313
|
108
|
224
|
Cuanza
Norte
|
308
|
129
|
216
|
Cuanza
Sul
|
101
|
160
|
6
|
Cunene
|
301
|
426
|
269
|
Huambo
|
82
|
88
|
7
|
Huíla
|
157
|
192
|
27
|
Luanda
|
100
|
186
|
-
|
Lunda
Norte
|
0
|
-
|
-
|
Lunda
Sul
|
134
|
196
|
-
|
Malanje
|
300
|
494
|
12
|
Moxico
|
290
|
257
|
89
|
Namibe
|
160
|
92
|
121
|
Uíge
|
428
|
541
|
-
|
Zaíre
|
262
|
235
|
120
|
Total
|
|
4.967
|
|
No
entanto, o Tribunal Constitucional não atendeu ao que o BD solicitou:
1.
O BD pediu que se fizesse uma extracção
completa de todas as suas assinaturas.
2.
Que se procedesse a sua classificação
por províncias (o que é perfeitamente possível e fácil de fazer com os meios
informáticos existentes (a não ser que o Tribunal esteja a utilizar máquinas de
escrever e não computadores.
3.
Não se pronunciou sobre as condições
adversas de recolha de assinaturas, para o TC tanto faz que se tenham um clima
de paz civil, que as autoridades administrativas seja independentes e
colaborantes com os partidos políticos e tenham uma atitude republicana como as
assinaturas sejam recolhidas num clima de quebra braços, cabeças, perseguição
de activistas, obstaculização e intimidação.
4.
Não repôs a legalidade em relação à
divisão administrativa existente. Fala em “flexibilidade necessária”. O que é
isto de flexibilidade necessária?
5.
Insiste na ideia de haver subscritores
fora do círculo eleitoral, eliminando-os, em vez dos reconduzir ao círculo
devido ou, no mínimo, para o círculo nacional. O Tribunal Constitucional diz
que não tem competência para proceder desta forma, quando em 2008, procedeu
precisamente assim.
6.
Diz que o FICRE (Ficheiro Informático
Central de Registo Eleitoral) contém todos os cidadãos eleitores registados,
quer em 2008, quer em 2012, quando isso não é verdade e ficou provado que não é
assim pois houve casos de pessoas que não constam do FICRE mas têm CE válido.
7.
Pedimos que em relação aos 2.502
subscritores fora do FICRE fosse feita uma aferição através das fotocópias que
nós juntamos ao processo, foi-nos recusado.
Em conclusão:
Havia
o interesse ou pouca vontade que o BD participasse destas eleições. A FpD em 2008 estava em piores condições que o BD,
em 2012, foi autorizada a participar porque havia já a intenção da extinguir
através da fraude monumental. Desta vez, preferiram elimina-la antes mesmo das
eleições porque sabiam que a repetição da fraude seria um forte motivo
mobilizador da sua massa de militantes, apoiantes e eleitores para se manifestarem
na rua.
Sem comentários:
Enviar um comentário