sábado, 21 de abril de 2012

Membros do Comité central de Lucas Ngonda aderem a Nova Democracia


Luanda - Mesmo depois de o Tribunal Constitucional ter resolvido, por via do acórdão judicial que ditou, a dissensão interna que a FNLA/Lucas Ngonda viveu durante muito tempo, os últimos sinais indicam que este partido está distante de encontrar a estabilidade.

*Eugênio Mateus
Fonte: O Pais Club-k.net

Tudo indica haver problemas na direcção do partido, melhor aquilatado com o abandono recente de dois membros do Bureau Político deste partido para a coligação Nova Democracia do deputado Quintino Moreira.
Embora se possa considerar que a expulsão de Laís Eduardo e de João Castro “Freedom”, entre outros, por Lucas Ngonda, tenha sido uma má jogada deste, a verdade é que se esperava que o partido fechasse os flancos e analisasse internamente os problemas depois daqueles eventos.
Observadores admitem que a ideia segundo a qual estes outrora antigos membros de confiança de Ngonda estejam a fazer um trabalho de sapa no seio da FNLA é um argumento pouco consistente, quando a dissensão chega até a membros do Bureau Político, de quem, em princípio, se esperaria total lealdade à liderança e aos princípios do partido.
No passado dia quatro, anunciaram formalmente a sua saída da FNLA/Lucas Ngonda  um total de 420 militantes da entre os quais pouco menos de vinte membros do comité central. Mas o sinal mais forte de quão mal andam as coisas nas hostes de Ngonda é dado com a saída de Eduardo Augusto Nsanda, então membro do Bureau Político e primeiro secretário provincial do Zaire da FNLA, que não só abandonou Lucas Ngonda como arrastou consigo todo o seu gabinete.
De supetão, Lucas Ngonda vê-se privado de uma importante representação partidária na província que é tida como o principal bastião da FNLA.  A circunscrição do Zaire, de onde é natural o líder fundador, Holden Roberto, não nutre qualquer afecto por Ngonda, perceptível no facto de este nunca ter lá ido após à morte do velho nacionalista por estar consciente do desencanto que as bases locais alimentam por ele, o que chega a ser compreensível.
Muito recentemente, foram noticiadas escaramuças entre partidários de Ngonda e Kabangu, na região, que sinaliza claramente a aversão recíproca recalcada entre prosélitos de um e de outro lado que o acórdão não pôde resolver definitivamente.Entretanto, o partido registou outra saída de vulto, nomeadamente de João Pedro Canga, também membro do Bureau Político, que coordenava a comissão nacional para a fiscalização das finanças e património da FNLA.
Juntamente com outros 19 membros do comité central, o antigo secretário para a informação do comité provincial da FNLA/Lucas Ngonda  no Zaire, Domingos Maurício, também abandonou a cúpula deste partido alistando-se na Nova Democracia União Eleitoral.
Com a visível falta de coesão interna do partido que tem milhares de outros militantes persistentemente a apoiar o herdeiro do carismático Holden Roberto, no caso Ngola Kabangu, cria-se mais um retalho na manta da FNLA que face a intransigência e falta de visão dos seus responsáveis deixa de lado qualquer hipótese de reconciliação.
O aproximar das eleições deixa assim aquela que é considerada base tradicional de apoio da FNLA numa situação difusa com a entrada em cena destes membros do partido que faziam parte da elite da sua direcção.
A disputa pelo voto dos indecisos face ao quadro reinante na FNLA, deverá marcar o tom da campanha eleitoral para as próximas eleições gerais de fim de Agosto.

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