segunda-feira, 9 de abril de 2012

Liberdade e lixo mediático - José Ribeiro


Luanda - Angola anda há décadas a denunciar o lixo mediático que ventila calúnias e mentiras para todo o lado. Ninguém quis ouvir e todos nos acusaram de ceder às teorias da conspiração. Mas de repente o império mediático de Murdoch começou a arder com a denúncia das escutas telefónicas. Fonte: Jornal de Angola O “newsmaking” da grande imprensa londrina, a nata dos rotativos mundiais, sofreu um abalo, e toda a gente ficou a saber como se fabricam os factos. Afinal, na imprensa de referência internacional há jornalistas desonestos, conluios secretos para assassinar adversários políticos, directores de jornais presos ou em vias de responder nos Tribunais. Finalmente se viu que o “rei vai nu” e que os “bons rapazes” portam-se muito mal. Em França, Nicolas Sarkozy acaba de anunciar que as autoridades vão passar a pente fino os “sites” da Internet que promovem a violência e andam a denegrir o bom-nome de França, para acabar com eles e perseguir judicialmente os seus responsáveis. Sarkozy proibiu as televisões de passarem as imagens gravadas pelo homicida de crianças de Montauban. Nos Estados Unidos, os escândalos de pressão e controlo da imprensa são muito anteriores ao “Patriotic Act”. As autoridades americanas perseguem os que na Internet beliscam os interesses dos EUA e acusam o soldado Manning, o Wikileaks, Julian Assange e os “Anonymous” de estarem a fazer um serviço que favorece o “inimigo”. Em Portugal, onde se recompõe o “cerco” mediático a Angola, circula tanta porcaria na Internet que o prestigiado analista Pacheco Pereira, no seu programa “Ponto Contraponto”, já criticou um grande jornal diário lisboeta por dar credibilidade ao “lixo” que são os comentários dos leitores nos fóruns que contaminam tudo e todos. Ou muito me engano ou estamos a assistir ao começo de uma limpeza mundial da Internet. Já não é possível aceder ao conteúdo de muitos “sites” que antes eram livres e o controlo das redes sociais na Europa e Estados Unidos passou a ser maior. Desde há algumas semanas, apenas consigo entrar no meu Mural no Facebook se fornecer o número de telemóvel particular. Ficámos a saber que o papel atribuído aos internautas nas chamadas “Primaveras Árabes” era afinal desempenhado por grandes centrais de desinformação e manipulação. Algo está a mudar e, mais uma vez, veio a dar razão aos alertas que fizemos. A Internet deixou há muito de ser um espaço de lazer e interacção pessoal para se tornar uma enorme fonte de negócios e de influência global, geopolítica e geoestratégica. Já se assiste também aí ao combate da liberdade, da democracia, da lei e da ética. Os riscos de uso de cyberataques pelo terrorismo e os especuladores financeiros está a aumentar. Angola tem sido vítima do lixo mediático que prolifera pelo mundo. Há sempre alguém pronto a morder. E como o poder judicial já começa a exigir responsabilidades, os ataques à imagem e os atentados à honra surgem agora escondidos nas lixeiras da Internet. O país vive em paz há dez anos, mas o lixo mediático continua o seu trabalho sujo, implacavelmente. Os senhores do mundo dizem que nada podem fazer para acabar com essa vergonha porque está em causa a Liberdade de Imprensa, mas pelos vistos podem. Basta uma palavrinha como a de Sarkozy. O Presidente francês sabe que todos os Chefes de Estado como ele têm protecção jurídica especial. Se não for pedir muito, é de exigir aos que controlam a Internet que incluam também na limpeza os terroristas e especuladores camuflados que se entretêm a denegrir a imagem, insultar e caluniar em Angola. Se puderem incluir na limpeza os que agora disparam lixo mediático contra os titulares dos nossos órgãos de soberania, prestam um grande serviço a toda a gente.

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