quinta-feira, 26 de abril de 2012

Guebuza manda mais um recado aos críticos. “Não precisamos de mudar as leis para aumentarmos mandatos”


“Não vale a pena se pensar assim, porque é uma perca de tempo. Não precisamos de alterar leis para aumentarmos mandatos” - Armando Guebuza

Maputo (Canalmoz) – A saga do presidente da República Armando Guebuza contra os “críticos” continua, revelando um nervosismo indisfarçável. Dirigindo-se aos “cépticos”, Armando Guebuza disse na última terça-feira, na província central da Zambézia, que as pessoas não podem andar a perder tempo a pensar que ele vai forçar a alteração da Constituição da República para acomodar um seu terceiro mandato.
Falando num comício popular em Lioma, distrito de Gúruè, na província da Zambézia, Guebuza quis deste modo descartar publicamente a possibilidade de ele vir a forçar a alteração da Constituição da República para legitimar um seu terceiro mandato consecutivo na liderança dos destinos do país, mandando recados “aos que pensam que vamos forçar a alteração constitucional”.
“Não vale a pena se pensar assim, porque é uma perca de tempo”, disse o presidente Guebuza, argumentando que “há outros filhos da pátria que virão e farão o melhor para o bem de todos”.
O PR e presidente do Partido Frelimo reiterou que “não precisamos de alterar leis para aumentarmos mandatos”.
Guebuza reagia aos alegados apoios que os membros do seu partido, a Frelimo, têm vindo a lhe dar em caso de querer se recandidatar para um terceiro mandato.
O seu antecessor, Joaquim Chissano, no segundo e último mandato também andou anos a desdenhar a continuidade no cargo denotando, contudo, que se predisporia a continuar caso os seus camaradas sustentassem a sua continuidade. Armando Guebuza acabaria por encabeçar a ala que se empolgou e encostou Chissano. A história repete-se.
Guebuza encerrou ontem, quarta-feira no distrito de Morrumbala, antes de partir para a província de Manica, a sua “presidência aberta e inclusiva” à província da Zambézia, iniciada na última sexta-feira. Prometeu que tudo fará para ajudar o seu sucessor. “Como cidadão vou prestar a minha ajuda. Moçambique precisa de ser desenvolvido”, disse Guebuza, deixando subjacente que não vai alterar as leis só para salvaguardar interesses singulares em detrimento dos de uma nação que precisa de todos para sair da situação da pobreza em que se encontra.
Naquela ocasião, Guebuza elogiou o facto de o posto administrativo de Lioma ter pessoas preocupadas com maior justiça no trabalho para que se possa acabar rapidamente com a pobreza.
Lioma é um dos postos administrativos para onde muitos moçambicanos foram levados no âmbito da “Operação Produção”, desencadeada pelo Governo na década de 80. Guebuza era então ministro do Interior e liderou essa famigerada acção que por termo à vida de muitos moçambicanos e separou muitas famílias.
Lioma faz fronteira com a província do Niassa, outra província que também serviu para acomodar os chamados “improdutivos” que hoje seriam simplesmente desempregados, que na sua maioria acabaram devorados por animais ferozes nas matas onde estavam abandonados, sem que até hoje, às suas respectivas famílias tenha sido dado qualquer esclarecimento sobre o paradeiros dos seus entes, e sem que o Governo da Frelimo ai menos tivesse pedido desculpas. (Bernardo Álvaro)

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