segunda-feira, 23 de abril de 2012

“A Frelimo já esgotou toda a estratégia, só resta salvar-se para não morrer”


 Dhlakama explica em Nampula encontro com Guebuza  

“Um homem arrogante e orgulhoso que dizia não ser como Chissano, que reunia com Dhlakama, e agora quase todos os meses voa a Nampula para vir ajoelhar-se a Dhlakama. É muito importante para o povo”, disse Dhlakama para quem Guebuza se humilhou perante si. “Guebuza endireitou-se porque sabe que militarmente a Renamo dá porrada à Frelimo”. “A Renamo demonstrou que não ia brincar, por isso Armando Guebuza aparece agora como uma boa pessoa”. “Guebuza vai entrar na linha, senão o fizer as consequências são com ele.”

Nampula (Canalmoz) – O presidente da Renamo, Afonso Dhlakama, convocou os seus quadros a nível da província de Nampula, durante o último fim-de-semana, para uma reunião com vista a explicar-lhes o conteúdo das reuniões que já manteve com o seu acérrimo adversário, Armando Guebuza, simultaneamente presidente da Frelimo e da República.
A reunião teve lugar numa instância turística da chamada capital do norte. Estiveram presentes pouco mais de 200 renamistas, os quais ouviram o seu líder afirmar que “a Frelimo já esgotou toda a estratégia, só resta salvar-se para não morrer”.
“Alguns pensam que as reuniões que tenho tido com Guebuza são para suspender a agenda nacional da luta pela democracia”, disse ainda Dhlakama, para depois acrescentar: “quando nos encontramos – eu e o Guebuza – não é para falarmos de negócios nem de assuntos familiares. Trato de questões estratégicas para ajudar a população a manter a paz e a construir a democracia e evitar pôr a correr os comunistas da Frelimo”.

“Não podem ter dúvidas para não serem enganados”

No encontro com os seus correligionários em Nampula Dhlakama diria ainda: “vocês são a Renamo, por isso não podem ter dúvidas para não serem enganados. Os grupos dinamizadores andam aí a dizer nos bairros que não haverá manifestação porque Guebuza já deu dinheiro a Afonso Dhlakama”. “Isso não é verdade, por isso estamos aqui para esclarecer e pôr-vos a par de tudo”.
O líder da “perdiz” lembraria que “se Guebuza vem ajoelhar-se” perante si “é muito importante”. “Um homem arrogante e orgulhoso que dizia não ser como Chissano, que reunia com Dhlakama, e agora quase todos os meses voa para vir ajoelhar-se a Dhlakama, é muito importante para o povo”, disse Dhlakama para quem Guebuza se humilhou perante si.
“Guebuza endireitou-se porque sabe que militarmente a Renamo dá porrada à Frelimo”, observou o líder das Renamo. “Tudo isso não é por acaso, é resultado da determinação da Renamo e do seu líder que jamais aceitou os resultados das últimas eleições e o Governo que saiu delas”.

“Negociação é fruto da determinação da Renamo e seu líder”

O presidente da Renamo foi mais além na sua intervenção e disse que “as negociações foram resultado da determinação da Renamo e do seu líder”, pois “tentaram atacar-nos militarmente e levaram porrada. É para verem que Guebuza está como criança”.
Ademais, Dlhakama precisou que “se a Frelimo tentar brincar a Renamo vai subir num segundo e destruir tudo. Não há nada aqui que nos ameaça. Se não agimos assim é porque assinamos um acordo em Roma e queremos manter”.

“Guebuza não é do meu nível”

Na sua longa intervenção, o líder da Renamo, muito aplaudido pelos presentes, dirigiu as suas palavras ao presidente da Frelimo e da República e disse: “Ele, se aparece como boa pessoa, é para enganar e evitar a manifestação. Guebuza não é do meu nível. Aquele é um apanhado do partido. Eu sou um líder. Eu tenho história. Armando Guebuza é um empresário por aí” e “a Renamo demonstrou que não ia brincar, por isso Armando Guebuza aparece agora como uma boa pessoa”.
“Guebuza vai entrar na linha, senão o fizer as consequências são com ele. Ele deverá cumprir com o que combinamos em Roma e saber distribuir as riquezas para todos os moçambicanos, sobretudo nas regiões centro e norte”, apontou Dhlakama.
Dhlakama desafiaria ainda mais a Frelimo com as seguintes palavras: “Vocês são ricos, mas a vossa riqueza serve para abastecer um punhado de pessoas em Maputo”.
Entretanto o presidente da Renamo explicaria porque deixou de residir em Maputo para ir viver em Nampula: “Sai de Maputo para cá, abandonei mansões e estou a viver numa barraca para vos libertar”. (Aunício da Silva)
Imagem: Trabalho de arte religiosa Bantu em Moçambique Limpopo
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