quarta-feira, 4 de abril de 2012

Chivukuvuku promete fim dos "32 anos de poder não eleito" em Angola


Luanda - O presidente da recém-formada Convergência Ampla de Salvação de Angola (CASA), Abel Chivukuvuku, garantiu hoje em Luanda que este ano nascerá um novo Governo "de natureza patriótica" para acabar "pacífica e ordeiramente os 32 anos de poder ininterrupto e nunca eleito".

Fonte: Lusa
Abel Chivukuvuku discursava na cerimónia de encerramento do congresso constitutivo da CASA, em que estiveram presentes 690 delegados, oriundos de todo o país e do estrangeiro, para debater as linhas de força da nova formação política do ex-dirigente da UNITA.

O líder da CASA classifica o partido como um projeto "amplo, aberto e coletivo", resultante de consensos de vária ordem. "A CASA é o projeto nacional do momento e preparada para os desafios da etapa atual e tempos futuros".

"Assim, lançamos neste evento, a semente da esperança, a semente da fé, a semente da mudança para um futuro melhor para o nosso país. (...) Consideramos que demos, hoje, aqui um grande passo em frente. São nossos juízes o presente mas sobretudo o futuro e as gerações vindouras", disse Chivukuvuku no seu discurso, bastante aclamado pelos presentes.

Chivukuvuku, que abandonou no início do ano a UNITA para formar o novo partido, lançou um apelo aos angolanos no sentido de fazerem de 2012 "um ano histórico de viragem, para um futuro melhor", alusivamente às eleições gerais que se realizarão este ano.

"Relembro hoje este desafio, este apelo, este chamamento, particularmente direcionado à juventude do nosso país. Chegou a hora para a nossa casa determinar a viragem", apelou o presidente da CASA.

Chivukuvuku referiu-se às mudanças como sendo as de "um verdadeiro ambiente de vivência democrática, onde a legitimidade e o primado da lei sejam uma realidade, de uma governação patriótica, que assegure a justiça social e resolva os problemas essenciais e básicos do angolano".

A viragem, de acordo com o político, é também "para uma atitude e postura credíveis de luta contra a corrupção, contra os desvios do erário público e contra o nepotismo".

"É a mudança que a CASA propõe para terminarmos serena, pacífica e ordeiramente os 32 anos de poder ininterrupto e nunca eleito", disse Chivukuvuku, referindo-se ao Presidente da República, José Eduardo dos Santos.

O político criticou o atual Presidente angolano pelo facto de "já estar em campanha eleitoral, antes mesmo de ter convocado as eleições".

"É necessário que se passe a exigir que sua excelência o senhor engenheiro Eduardo dos Santos esclareça, de cada vez que se desloca às províncias, em que condição o faz", solicitou Chivukuvuku.

José Eduardo dos Santos este ano realizou uma deslocação à província da Lunda Norte, tendo feito escala na Lunda Sul, e está prevista para quarta-feira, dia em que se assinala dez anos de paz, uma visita à província do Moxico, palco dos acordos de paz que pôs finda uma guerra de mais de 30 anos.

No seu "Manifesto ao Povo Angolano", o novo partido propõe 10 princípios ao eleitorado, que vão desde a "consolidação da paz, reconciliação nacional e estabilidade social", até à "modernização do Estado, através de uma reforma institucional para um novo sistema político".

A CASA, uma coligação político-eleitoral, inicialmente formada por quatro partidos e cidadãos angolanos independentes, foi publicamente apresentada no passado dia 14 de março por Abel Chivukuvuku, que caraterizou o novo movimento como a terceira via face ao MPLA, atual partido no poder, e a UNITA.

Na quinta-feira a documentação de constituição da CASA será entregue no Tribunal Constitucional.


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