O papa Bento
XVI condenou esta quinta-feira os apelos à "desobediência organizada"
de um grupo de padres europeus, considerando que não constituem a via para a
renovação de uma Igreja que vive uma situação "muitas vezes
dramática".
"Recentemente, um grupo de padres num país europeu publicou um apelo à
desobediência, dando exemplos concretos sobre a maneira de exprimir esta
desobediência", referiu muito directamente o papa a 1.600 cardeais, bispos
e padres reunidos na basílica de São Pedro para a solene "missa
crismal", que abre o Tríduo Pascal na quinta-feira santa.
Esta contestação, precisou Bento XVI, foi pronunciada para a ordenação de
mulheres, a propósito da qual "João Paulo II tinha declarado de maneira
irrevogável que a Igreja não tinha recebido qualquer autorização da parte do
Senhor".
O papa respondia ao movimento de cerca de 300 padres austríacos
"Iniciativa dos Padres", que lançou em Junho de 2011 um "apelo à
desobediência religiosa", pedindo reformas na Igreja tais como a ordenação
das mulheres e de homens casados.
"A desobediência é um caminho para renovar a Igreja?" perguntou o
papa, antes de contestar imediatamente esta concepção, afirmando que "o
que é pedido é uma configuração em Cristo, e nisto necessariamente uma
transcendência de nós mesmos, uma renúncia à tão elogiada
auto-realização".
Bento XVI contestou que a Igreja romana queira "defender de facto, o
imobilismo, o endurecimento da tradição", evocando o Concilio Vaticano II
de 1962/65, que marcou a abertura da Igreja ao mundo moderno e dos quais foi um
dos mais jovens participantes.
"Os elementos da fé, que antes qualquer criança sabia, são cada vez
menos conhecidos", denunciou o papa que apelou à leitura da Sagrada
Escritura, "que nunca conseguiremos ler e meditar suficientemente".
Na missa crismal de quinta-feira santa, em que se comemora a instituição do
sacramento da ordem sacerdotal por Jesus Cristo durante a última ceia, os
sacerdotes renovaram as promessas de pobreza, castidade e obediência e Bento
XVI benzeu o óleo dos catecúmenos.
O Papa desloca-se na tarde de quinta-feira santa à basílica de São João
Latrão, a catedral de Roma, para celebrar a missa da última ceia, durante a
qual tradicionalmente lava os pés a doze presbíteros.
http://www.cmjornal.xl.pt/detalhe/noticias/ultima-hora/bento-xvi-condena-apelos-a-desobediencia-organizada
Imagem: O Papa Bento XVI na
missa crismal, na Basílica de São Pedro, no Vaticano
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