segunda-feira, 2 de abril de 2012

Antigos agentes secretos do regime voltam a manifestar-se hoje no Ministério do Interior


Continuam a exigir pagamento de salários em atraso e reenquadramento

Maputo (Canalmoz) – O grupo dos 624 ex-operativos da Casa Militar da Presidência da República, dentre eles antigos agentes secretos do ex-SNASP, agora SISE, dizem que hoje voltarão a manifestar-se contra o Governo de Armando Guebuza. Os agentes da Casa Militar integram Polícias, Militares e agentes dos Serviços de Informação e Segurança do Estado. A semana passada estiveram no Gabinete do Primeiro Ministro onde foram ameaçados de serem afastados com recuso à Força de Intervenção Rápida caso não dispersassem voluntariamente.
Estes antigos agentes que tinham a responsabilidade de garantir a segurança do chefe de Estado acusam o regime de os ter usado e descartado, e reclamam, por isso, a reintegração nas Forças de Defesa e Segurança, para além de exigirem dinheiro de salários que alegam estarem atrasados há seis meses – de Outubro de 2011 a Março de 2012.
Na semana passada, este grupo acampou defronte do Gabinete do Primeiro-Ministro, e hoje prometem acampar defronte do Ministério do Interior, onde funciona também o Comando Geral da Polícia.
Na concentração anunciada para esta manhã, o grupo diz pretender falar com o vice-ministro do Interior, o coronel José Mandra, e o comandante-geral da PRM (inspector-geral da Polícia), Jorge Khalau. Descartam qualquer possibilidade de dialogar com o ministro do Interior (adjunto de Comissário da Polícia), Alberto Mondlane.
A concentração da semana passada não teve nenhum efeito, uma vez que os manifestantes teriam sido advertidos pela chefia da Segurança do Gabinete do Primeiro-Ministro de que se insistissem em permanecer no local, seria chamada a FIR para espancá-los e escorraçá-los por estarem a criar “desordem”.
Os 624 agentes da Casa Militar estiveram nos finais do ano passado no Centro de Formação da Polícia de Matalane para reciclagem, segundo eles, a mando do presidente da República e comandante-em-chefe das Forças de Defesa e Segurança, Armando Guebuza.
Eles dizem terem sido aldrabados pelo presidente da República, Armando Guebuza, que lhes terá dito que seriam enquadrados no aparelho do Estado. “Por isso estamos aqui para pedirmos explicações de porquê nos levaram à Matalane, não nos reintegram e nem nos pagam os salários prometidos”.
“O Governo liderado pelo presidente Guebuza é que nos chamou das nossas casas. Como os senhores devem saber nós estávamos desmobilizados, mas de novo fomos chamados pelo presidente da República, Armando Guebuza, há 7 anos e ficámos aquartelados no Comando do Centro de Formação da Polícia Militar (ex-SMO) das Forças Armadas de Defesa de Moçambique (FADM), todo esse tempo por ordens dele (Armando Guebuza). Durante esses 7 anos ficámos acantonados até que no ano passado, em 2011, fomos levados à Escola de Formação Básica da Polícia da República de Moçambique (PRM) de Matalane, para sermos reciclados”, ” disse Carlos Marrengula.
“Fomos a Matalane cumprir com aquilo que o Governo na pessoa do presidente queria de nós, que era recebermos treinos. Encerramos em Novembro do ano passado, mas até agora não estamos a ver nada, como a reintegração, muito menos nos pagam o dinheiro que nos prometeram dar como vencimento mensal”, denunciou Carlos Marrengula.

Ministro do Interior “o mau da fita”

“Quando chegámos a Matalane, o que ouvimos e nos irritou foi que o ministro do Interior, Alberto Mondlane, disse que quem não quiser cumprir o que vamos dizer para fazer como ordem, pode ir à Renamo”.
“Como ele diz que quando não cumprirmos as suas ordens podemos ir à Renamo, então nós exigimos dele mesmo que nos passe um guia de transferência para o quartel da Renamo em Marínguè”, disse, por seu turno, Fernando Luís, um outro antigo militar da Guarda Presidencial.
Hoje, estes agentes deverão voltar a manifestar-se em público para exigir o que dizem ser seus direitos. (Bernardo Álvaro)
Imagem: Maputo, 29 dez (Lusa) - Os desmobilizados de guerra de Moçambique ...
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