quarta-feira, 28 de março de 2012

Potencialidade turística de Bilene não beneficia nativos


Maputo (Canalmoz) – À semelhança do que acontece um pouco em todos os destinos turísticos de Moçambique, no Bilene, no distrito da Macia, na província de Gaza, uma zona com uma alta potencialidade turística, os benefícios não vão para as comunidades locais, exceptuando um e outro emprego de guarda ou mesmo de limpeza. Sabe-se que a maioria dos empreendimentos turísticos pertencem a estrangeiros e à elite política ligada ao partido Frelimo.
Muitos operadores turísticos no Bilene têm estado a violar o artigo 3 da Lei 4/2004, alínea h), Lei de Turismo vigente no país, não ajudando na melhoria de vida da população local, segundo manda a lei. Uma das evidências disso é o facto de os operadores turísticos não desenvolverem projectos que visam melhorar a qualidade de vida das comunidades. Verifica-se ainda uma oferta de salários irrisórios aos trabalhadores nativos.
Devido a estas situações, a administração local do Bilene considera que a potencialidade turística não tem estado a beneficiar a população nativa daquela zona.
Para reverter esta situação o governo local deverá se encontrar ainda este mês com os operadores turísticos para obrigar estes a cumprirem a Lei, refere o chefe do posto do Bilene.
Falando ao Canalmoz, o chefe do Posto Administrativo da Praia de Bilene, Dinis Camilo Ndendane, disse que há muito que a população local vem reclamado sobre os ganhos advindos do turismo. Ndendane disse que no encontro com os operadores a ser realizado ainda este mês, deverão ser avisados sobre as medidas que serão aplicadas aos operadores infractores. O governo pretende, em suma, advertir os operadores a transferir benefícios à população. Não fala para já das suas próprias obrigações derivadas dos impostos e outras receitas que cobra ao Turismo.
Segundo Ndendane, no mínimo os operadores turísticos empregam os nativos nas suas instâncias, mas verificam-se casos frequentes de injustiças salariais. Em relação ao racismo, a fonte disse que a situação tem vindo a reduzir devido às reuniões que o governo local tem vindo a manter com os operadores turísticos.
“É inadmissível que as comunidades não tenham benefícios desta potencialidade turística. Portanto marcámos um encontro com operadores turísticos para obrigarmos a eles a honrarem com seus compromissos”, disse Ndendane.

Meio Ambiente

Muitos operadores turísticos têm estado a violar a lei do meio ambiente fazendo construções à beira-mar, sem obedecer as recomendações ambientalistas. Fazem-no em áreas protegidas por lei na orla marítima. Essa situação acontece sob olhar impávido das autoridades locais. Segundo constatou a nossa Reportagem, várias instâncias turísticas foram erguidas muito próximas do mar, violando a legislação.

A população reclama

Por sua vez, muitos jovens abordados pela nossa Reportagem disseram que apesar do distrito ser potencialmente turístico não tem havido oportunidades de emprego. A alternativa de sobrevivência de muitos jovens tem sido a prática de pesca e a construção civil.
Carlos Mandave, pedreiro, disse que também muitos jovens, tal como ele, não procuram emprego nas instâncias turísticas devido aos salários irrisórios que são oferecidos pelo patronato.
“Para além de falta de condições de trabalho deparemo-nos com salários baixíssimos nas instâncias turísticas. Por esta razão, muitos jovens aqui não apostam em trabalhar nesses locais”, disse Carlos Henriques.
Zeferino Malate, pescador, contou à nossa Reportagem que antes de ser pescador, (é desde há 5 anos) trabalhou numa instância turística cujo patronato era “racista”. A fonte disse que mesmo quando fosse reportar o caso às autoridades, a polícia nada fazia para resolver a situação. No entanto, a fonte disse que foi por essas razões que preferiu abandonar o trabalho como guarda na instância turística onde trabalhava. (António Frades)
Imagem: nhatinha.com | uma menina baiana » Bilene
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