terça-feira, 6 de março de 2012

O BD-Luanda lança um SOS – ZANGO. Nelson Pestana



A violência física, psicológica e social está a abater-se sobre um grupo de cerca de centena e meia de cidadãos, maioritariamente constituído por mulheres e crianças de tenra idade, no Zango 4. Moradores no Bairro Gika, por detrás do Cemitério Municipal de Viana, viram as suas casas demolidas, no âmbito do programa de realojamento de Luanda. A ideia desta acção era a de realojar os antigos moradores da Escola Gika, de onde foram expulsos manu militari, em 2007, depois da barbárie do camartelo lhes ter destruído as casas para entregar o terreno, de mão beijada, a um grupo económico ligado a JES.
O cadastramento de cerca de 267 famílias, feito no bairro há muitos anos, deveria servir para que a operação não fosse acompanhada deste drama humano, caso os demais moradores do “bairro” de fortuna, provenientes de outros locais, onde o camartelo implacável destruiu as suas casas. Mas a desorganização, a ânsia de deixar as tendas ou as casas de fortuna onde se encontravam, a mistura com certo oportunismo de meia dúzia de populares e sobretudo os esquemas de privilégio da própria equipa de atribuição das casas, fizeram com que a atribuição de 310 casas não fosse suficiente para responder às expectativas do grupo que foi crescendo cada vez mais, levados em camiões, pela Polícia Nacional, em três levas consecutivas, para aquele local
Uma semana depois, jogados ao relento, diante das casas que anseiam habitar, este grupo foi visitado por uma delegação do BD, encabeçada por Luís Nascimento, coordenador de Luanda. Nessa altura, os dirigentes bloquistas falaram com a população e procuraram informação junto das autoridades administrativas e policiais que os ignoraram, num primeiro momento, tentaram intimidar, num segundo momento, e compreenderam, finalmente, que o BD não intimidável e que estava resoluto a apoiar aquelas pessoas.
Os dirigentes do BD deixaram o local ao fim do dia de domingo, depois deterem incentivado os populares a criarem uma Comissão de Desalojados, terem conseguido o compromisso do coordenador da Comissão de Realojamento de aceitar os representantes dos desalojados como interlocutores para que o realojamento prosseguisse sem cedências aos oportunismos institucional ou popular, estabelecendo-se um novo programa de realojamento, com carácter de urgência, para aquelas famílias que não tendo sido contempladas permaneciam ali ao relento. Junto da Polícia Nacional obtiveram a garantia de que os 7 jovens presos, nesse domingo, seriam libertos (o que veio a acontecer as 23h30). Só não foi possível um compromisso dos representantes do MINARS pois estes recusaram-se terminantemente ao diálogo, não aceitando tomar nenhuma medida para dar resposta ao problema social grave que estava ali patente.
O núcleo do BD do Zango e o secretariado de Viana continuaram a apoiar in loco estes cidadãos em busca da concretização do seu direito fundamental à habitação.
Hoje, cerca das 18h00 surgiu uma dita comissão de realojamento que apoiada pela Policia Nacional e pelos representantes do MINARS, carregou os haveres dos populares e levou-os para lugar incerto, na intenção de os obrigar a abandonar aquele local e a regressarem para o seu bairro de procedência.
Esta medida não somente não produziu o efeito desejado como agravou o clima de tensão e as condições sociais de existência, provocando pânico entre os populares.
O BD-Luanda lança um SOS de ajuda àqueles concidadãos no Zango. Precisamos de tudo, da solidariedade na denúncia, desta violação de direitos humanos, de pressão sobre as autoridades e de apoio material, nomeadamente em espécie, e de patrocínio judiciário.
A Luta é o caminho da Liberdade, da Modernidade e da Cidadania.
Imagem: ... município do Kilamba Kiaxi, deixando ao relento cerca de 15 mil pessoas.
esp.habitants.org

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