quarta-feira, 21 de março de 2012

A mando dos funcionários da embaixada moçambicana. Estudantes moçambicanos escorraçados pela Polícia na Argélia



Maputo (Canalmoz) – Num País onde é proibido realizar qualquer manifestação, um grupo de cerca de uma centena de estudantes universitários na Argélia não resistiram às más condições da vida e decidiram fazer greve no interior da embaixada de Moçambique naquele país da África do norte. Exigiam o pagamento do seu valor de bolsa de estudos, mas o que receberam foi a tortura por parte da Polícia argelina, requisitada para o efeito pelos funcionários da embaixada moçambicana.
Já ontem o Canalmoz publicou com destaque esta informação. Dávamos conta, na nossa notícia de ontem, que os estudantes tinham ocupado a embaixada para se manifestarem desde o início da tarde. O nosso último contacto com os estudantes moçambicanos na Argélia fora às 17 horas de segunda-feira. Nessa altura, os estudantes tinham acampado na embaixada sem que a Polícia argelina lhes pudesse tirar por se tratar de um espaço considerado “território moçambicano”.
Mas poucos momentos depois de termos contactado telefonicamente com os estudantes moçambicanos na cidade de Argel, capital da Argélia, os membros da missão diplomática moçambicana naquele País autorizaram a Polícia argelina a retirar os estudantes à força.
“Fomos agredidos”, alguns foram puxados pelos pescoços, a outros estudantes rasgaram-lhes as roupas e passámos a noite no lado de fora da embaixada. Até agora continuamos aqui de fora”, disse Guideon Carlos, estudante moçambicano na Argélia, em contacto telefónico com o Canalmoz na tarde de ontem.
Até 17 horas de ontem quando mantivemos contacto com os estudantes, os mesmos continuavam ainda na rua defronte da embaixada. “Estamos aqui com as nossas roupas. Não voltamos aos campus (universitários) antes de nos reunirmos com os responsáveis da embaixada para chegarmos a um acordo”, disse o estudante.
O que os estudantes reclamam

De acordo com um documento enviado pelos estudantes à nossa Redacção ontem, estes explicam detalhadamente o problema que os leva a se manifestar. “No último encontro realizado no mês de Outubro de 2011 na cidade de Blida, no qual teve a participação de um responsável académico do IBE (Instituto de Bolsa de Estudo), foram expostos vários problemas de ordem particular e colectiva na qual se esperava uma resposta num período relativamente curto o que não se verificou até este exacto momento”, dizem.
Os estudantes reivindicam os seguintes problemas entre tantos: a revisão do valor de subsídio de bolsa, actualmente fixado em 150 dólares americanos por mês. Indicação de um “adido académico na embaixada”, pois “muitas vezes a embaixada diz não estar aqui para assuntos similares e assim sendo somos obrigados a viver como quem deve implorar pelos nossos direitos”.
Os estudantes dizem ainda que enfrentam vários problemas quando chegam à Argélia, de entre os quais “a legalização da documentação necessária para efeitos de inscrição nas universidades, a legalização da papelada para obtenção de carta de residente”.
Até ao fecho desta edição, os estudantes moçambicanos continuavam na estrada do lado de frente da embaixada, impedidos de entrarem nas instalações da embaixada, mas também sem serem atendidos pelos diplomatas moçambicanos. É a pobreza do País que está a ser exposta no exterior.
Este facto prova ainda que as embaixadas moçambicanas não servem os cidadãos do país. (Borges Nhamirre)

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