sexta-feira, 16 de outubro de 2009

Os Templários (13). Satã prisioneiro


MICHEL LAMY



E depois, Salomão, tal como os Templários, apostou muito no comércio, sobretudo dos cavalos. Quis ter uma frota comercial para facilitar o seu negócio e os Templários, por sua vez, possuíram uma frota poderosa. Que pensava disso São Bernardo que fez a propaganda dos Templários e escreveu sobre o Cântico dos Cânticos, atribuído ao rei Salomão?



A própria personalidade de Salomão é interessante de estudar, neste quadro. É símbolo de justiça: o seu julgamento é célebre; símbolo de sabedoria, também. Rei dos poetas, é autor do Cântico dos Cânticos que alguns pensam ser um documento cifrado, uma espécie de testamento de adepto.



Não podemos falar de Salomão sem lembrarmos a rainha do Sabá. Esta chegou a Jerusalém acompanhada por uma magnífica caravana de camelos carregados de presentes fabulosos. Balkis a magnífica vinha pÔr à prova Salomão, cuja reputação chegara até ela e tinha a intenção de lhe apresentar enigmas muito difíceis de resolver.



O Corão contém, a propósito da visita de Balkis, reflexões bastante interessantes. Assim:


Salomão herdou de David e disse: Homens! Ensinaram-nos a linguagem dos pássaros, e, de todas as coisas, fomos contemplados copiosamente. Na verdade, esse é por certo um favor evidente!



A alusão à linguagem dos pássaros deixa entender que Salomão tinha conhecimento dos segredos ocultos da natureza. Esse tipo de denominação era bem conhecido dos trovadores e leva-nos de volta à escrita do Cântico dos Cânticos de Salomão, estudado de perto por São Bernardo. Mas, regressemos ao Corão: As tropas de Salomão, formadas por Djinns, Mortais e Pássaros foram reunidas à sua frente, divididas por grupos. Assim, Salomão tinha ao seu serviço homens mas também «gênios»


- isto é, conhecia os elementares *- e pássaros, isto é, seres voadores.


* O Espírito dos elementos, segundo o ocultismo. (N. do E.)


Então, Arca da Aliança, segredos de arquitetura, linguagem dos pássaros? Ou outra coisa encontrada na Palestina? Mas o quê? Segredos ligados a Jesus? À sua vida? A Maria Madalena? Ao Graal, talvez...



Satã prisioneiro

Consideremos mais uma possibilidade, por mais louca que seja. Segundo o Apocalipse de São João, depois de ter sido vencido e expulso do céu com os anjos que foram afastados da graça divina, Satã é acorrentado no abismo. Ora, a tradição afirma que esse abismo tem saídas e que estas se encontram obturadas. Uma delas encontrava-se, precisamente, selada pelo Templo de Jerusalém. O quartel dos Templários ficaria, pois, situado num local de comunicação entre diferentes reinos, característica comum à da Arca da Aliança. Ponto de contacto tanto com o Céu como com os Infernos, um dos locais sagrados sempre ambivalentes, dedicados tanto ao bem como ao mal. Um local de comunicação ideal de que os Templários se teriam tornado guardiões.



Uma lenda referida pelo Senhor de Vogüé conta que, na época de Omar, um homem, ao debruçar-se, avistou uma porta no fundo do poço donde tirava água. Desceu ao poço e transpôs a porta. Apareceu-lhe um jardim magnífico. Arrancou uma folha de uma árvore e trouxe-a como prova da sua descoberta. Mal saiu, apressou-se a ir prevenir Omar. Correram para lá, mas a porta desaparecera e ninguém voltou a encontrá-la. Ao homem restou apenas a folha que nunca murchou. Isto passava-se no local do Templo de Salomão. Uma tradição mais para transformar o local numa passagem entre diversos níveis e reinos.



Relata-se também que o Templo de Salomão fora precedido, no local, por um templo pagão dedicado a Poseidon. Ora, ignora-se demasiadas vezes que Poseidon só muito tardiamente se tornou deus do mar. Antes, tinha a posição de Deus supremo e foi apenas com a chegada à Grécia dos Indo-Europeus que Zeus assumiu a liderança das divindades. Poseidon fora, no tempo dos povos pelasgos, o Deus criador, demiurgo que tinha um lugar privilegiado nas águas-mães salgadas. Era o grande agitador das terras, senhor das forças telúricas e, em alguns aspectos, aproximava-se de Satã.



Eugène Delacroix, iniciado da Sociedade Angélica, sabia-o bem quando decorou o teto da capela dos Santos Anjos, na igreja de Saint-Sulpice, de Paris. Pintou nela São Miguel a deitar ao chão o demônio. Ora, esse demônio das origens, representou-o sob a forma de Poseidon, perfeitamente reconhecível devido aos seus atributos.



Muito bem! Os Templários encarregados de guardarem os locais por onde Satã poderia evadir-se da prisão que lhe fora atribuída na noite dos tempos, é algo que parecerá, sem dúvida, grotesco a muitos leitores modernos mas que seria conveniente reinserir nas crenças da época. E, depois, nunca se sabe... Tanto mais que Salomão também mandou construir santuários para «divindades estrangeiras». Mandou dedicar, nomeadamente, templos a Astarté, «a abominação dos Sidonenses» e a Milkom, «o horror dos Amonitas». O «deus ciumento» de Israel deve ter ficado furioso. Nesse campo, Salomão não se limitaria a ceder às pressões das inúmeras concubinas estrangeiras? Se agiu desse modo, que não teria feito em recordação da rainha do Sabá, cujo reino podemos localizar, sem a menor dúvida, no lémen? Na sua maioria, os deuses do país de Baffis cheiravam muito a enxofre.


Imagem: http://www.ot.org.br/imagens/TEMPLARIOS%20gifti.gif


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