sábado, 17 de outubro de 2009

Os deportados dos três Congos (Fim)


Então já não como seres humanos, apenas vulgares bestas tresmalhadas… e nos devoramos. Acho que é um vírus desconhecido, o causador desta catástrofe cerebral. Já não existem pessoas, apenas rostos cadavéricos que deambulam desesperançados. Um mundo de milícias armadas, por todo o lado espalhadas, com governos inoperantes de generais a brincar aos países.

«E, sem dúvida, trata-se de um país muito rico, (a RDC) com minas de zinco, de cobre, de prata, de ouro, do agora cobiçado coltán, com um enorme potencial agrícola, pecuário e agro-industrial. Que lhe faz falta para aproveitar os seus incontáveis recursos? Coisas por agora muito difíceis de alcançar: paz, ordem, legalidade, instituições, liberdade. Nada disso existe nem existirá no Congo por bom tempo. As guerras que o sacodem, deixaram de serem ideológicas (se alguma vez o foram) e só se explicam por rivalidades étnicas e cobiça do poder de chefes e chefitos regionais ou a avidez dos países vizinhos (Ruanda, Uganda, Angola, Burundi, Zâmbia) para se apoderarem de um pedaço do pastel mineiro congolês. Mas nem sequer os grupos étnicos constituem formações sólidas, muitos se dividiram e subdividiram em facções, boa parte das quais não são mais que bandos armados de foras-da-lei que matam e sequestram para roubarem.»
In Mario Vargas Llosa http://www.elpais.com/

Há vários anos, Carlos Contreiras do PRA, Partido Republicano Angolano, afirmou que as fronteiras do Norte e do Sul estavam a descoberto.
Que interesse obscuro há em deixar a situação evoluir até tal estádio? Para ter argumentos? Para invocar um possível conflito com os vizinhos? Mais uma guerra dos diamantes, agora ao desbarato, de sangue? É que as empresas diamantíferas são dominadas por generais. O país está a ser invadido. Significa que Angola será dominada lentamente por outros povos. Angola não consegue controlar as fronteiras.

Militares e polícias nas fronteiras quase sem condições cobram qualquer coisa para sobreviverem. Depois cantar-se-á que o país está a ser invadido, apela-se ao patriotismo (?), que a Pátria está ameaçada. Pouco ou nada resultará porque o povo perdeu a identidade cultural. A que lhe resta é a genuína identidade da miséria nacional e social. Evoluíram, são nómadas. Democracia com generais no poder é possível? Claro que não! Continuamos, teimamos em não nos afastarmos de 1975. A máquina marxista-leninista permanece intocável, inquebrável. Não há ninguém que lhe toque? Que lhe quebre? É impossível viver com generais no poder. Os generais de Esparta impõem, militarizam a democracia. Quer queiram quer dissimulem estamos oprimidos por uma junta militar.

Mas, não se cansam de tanta conversa? Já chega, já estamos cansados, agora queremos acção, não é? Não sei qual é o gozo que dá à FAMÍLIA, destroçar, afundar Angola. Ainda me recordo de outro empresário angolano sempre nascente que disse peremptório em 1992. «Agora já não precisamos mais dos portugueses e dos outros estrangeiros para nada.»
Tanto alarde pela austeridade que a crise económica e financeira mundial provocam na governação. E que as populações sempre são as vítimas, as cobaias do laboratório do poder.

Invocam constantemente que não há dinheiro, só mais fome. Mas os governantes continuam a viver na luxúria. A austeridade só afecta os governados, os governantes não. São eles, sempre os mesmos… os pobres dementes. Bancos sem dinheiro são bancos? Em Luanda são! Porque são da FAMÍLIA e para generais da junta militar. E o melhor investimento em Luanda continua a ser as fábricas de cerveja. A principal matéria-prima é a água e esta é de borla. É o chamado lucro fabuloso.

Somos carne inumana no matadouro nacional. O tempo vai passando e vamos adorando o exibicionismo dos nossos intelectuais de pacotilha. Um por nenhum e todos por nenhum. Todos isolados, no pântano mergulhados. Escrevem, oram sempre o mesmo palavreado e já está. Vejam-nos deleitados na sua vã e vil magnificência. São os melhores dos piores do mundo. Incapazes de mudarem o que quer que seja do estado e dos estádios actuais das coisas. Estão simplesmente insuportáveis, condenáveis. E assim não futuramos nos nossos três Congos.









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