quarta-feira, 14 de outubro de 2009

Apartheid imobiliário (Fim)




Antes era e é célebre, A Cabana do Pai Tomás. Seguidamente escrever-se-á A Cabana dos Espoliados dos Casebres.
Os terrenos são a pouca vergonha do Governo, que depois de retirar, decerto esbulhar os cidadãos dos bairros Iraque e Bagdad, prometeu a venda de terrenos e que as pessoas para se habilitarem a eles deveriam depositar 1500 kz no BPC. Depois entregarem os papéis na Administração. Resultado: milhares de pessoas obrigam-se a enfrentar descomunal bicha madrugadas adentro, para tentarem entregar os processos mas sem êxito.

Mesmo depois de três dias. E depois de processados (?) 45.000 inscritos multiplicados por 1.500.00 Kwanzas dá 67.500.000.00. Sessenta e sete milhões e quinhentos mil kwanzas. O manual do terrorismo bancário diz-nos que é um modo de amealhar dinheiro porque os bancos afligem-se tremendamente com a actual falta de liquidez. Esse dinheiro assim depositado rende-lhes altos juros. Mais uma vez a população sai depenada, sem qualquer direito, sem qualquer juro, ou jurisdição.
Esta é a outra Guiné-Bissau do narcoestado petrolífero. De governantes-empresários… todos nas negociatas.

Adquirirmos a certeza que governar é mentir, iludir as pessoas. E por arrasto temos, vemos o caos da democracia económica e financeira instalar-se, reconfortar-se, apoderar-se dos nossos bens. Um grupo de mentecaptos que nos espolia assessorado por intelectuais oposicionistas de pastel, de cordel.

Neste momento já estamos nos corredores da dinastia Isabelina. Tudo e todos neste reino lhe pertencem. Depois da dinastia Eduardina, por direito de sucessão inscreve-se no trono real a Isabelina. Há que retornar aos feudos medievais. E neste reino, escravos da gleba não faltam.
É que tudo isto cheira a publicidade enganosa, pantanosa, porque o Governo promete que vai vender, mas omite um elemento básico. A da promessa não ser sustentada. Pois não se pode prometer o que se não tem. A primeira coisa a saber é: as zonas loteadas e os talhões, para se saber quantos talhões as pessoas poderão concorrer e as respectivas localizações. Mas nada disso acontece e mais uma vez o Estado surge aqui como figura de má fé e a humilhar os seus cidadãos.

Que se saiba, os escravos angolanos ainda não se emanciparam. As cordas e as correntes da independência amarram-nos e acorrentam-nos. Também nunca se viu, em tão pouco tempo, negros serem esbulhados com armas de fogo, por outros negros no poder, que num passado recente prometeram um mundo melhor e os direitos de cidadania.
A forma como o governo se verga ao capital e o confinamento das populações ao Zango e a Panguila, leva-nos aos campos hitlerianos de Auschwitz e outros onde concentravam os judeus.

In FOLHA 8


















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