segunda-feira, 12 de outubro de 2009

Apartheid imobiliário (1)




«Influenciados pela situação de euforia vivida nos anos de 2006 e 2007 em que a prática em Angola foi a de comprar as casas em planta, sem recurso ao crédito e por preços especulativos, muitos destes empreendimentos destinam-se a um segmento alto, com preços exorbitantes, que agora não são possíveis de praticar. Neste momento muita oferta que existe destina-se a um segmento de mercado que está a ser afectado pela quebra dos preços do petróleo e com a crise mundial. Esta situação está a afectar, particularmente, os promotores portugueses que nos últimos anos decidiram apostar no imobiliário neste país e estão a iniciar a construção dos empreendimentos. Muitos destes projectos abrandaram o ritmo de construção ou então estão parados, procurando reposicionar os projectos em outros segmentos. De acordo com o levantamento feito pela Proprime, neste momento, em Luanda – incluindo as diversas zonas da cidade e periferia – estão em construção três milhões de metros quadrados de habitação, promovidos por empresários chineses, brasileiros, angolanos e portugueses, em que a maioria dos projectos se encontram desajustados da procura.» In http://diarioeconomico.com/

Neste campo de concentração, os dias são séculos, sem minutos, e os anos… tão diminutos. Chineses, brasileiros, portugueses e angolanos da junta militar acabados de chegar, já se apresentam como conquistadores, opressores e neocolonizadores. E traçam-nos novos rumos, novas políticas… do tudo ilegal.

A máquina da discriminação e exclusão governamentais à velocidade de marcha militar, espolia das suas zonas de residência tudo o que é negro. Todos os negros considerados pobres e sem condições de viverem ao lado dos condomínios nababos da junta militar. É talvez factual a pretensão do modelo sul-africano, pois o apartheid excluía, e exclui, as populações negras dos centros urbanos e dos passeios onde passava, passeava a minoria branca. Aqui será, é, a minoria endinheirada.

Os destruidores disto tudo continuam activos. Claro que têm selvagens destruições e acumulam muitos passivos humanos. Um país onde não existe lei chama-se quadrilha selvagem. Não era, não é nenhum movimento de libertação, é uma quadrilha da destruição. No fundo esta tralha é como outra Guiné-Bissau. Nadar, nadar sempre como aprendizes da mentira mas, ainda nem mentir sabem. E isto está como está, pior não é possível, porque na realidade intelectos parecem não existirem.

Apenas alaridos de vozes pontuais, marciais que estrepitam ou cogitam na sorte do de vez em quando. Antevisão da antecâmara da Guiné-Bissau? Entretanto a quadrilha internacional e governamental prosseguem tal e qual como os espanhóis no tempo colonial da América Latina. Espoliar os nativos. E outro Emiliano Zapata renasce, espera-os, desespera-os. Na verdade os investimentos angolanos em Portugal servem… utilizam-se para a lavagem do dinheiro de Angola. Parece existirem apenas dois tipos de constituições: a do poder dos eternos e outra do poder efémero.

Há reis que apreciam reinar eternamente. Outros democraticamente passam por lá, no poder, pouco tempo. Como se fossem visitantes da Constituição. Outros apoderam-se do poder e alteram, rasgam a Constituição como um reles papel sem valor. São os afundadores constitucionais, exterminadores das constituições e das populações. Na Guiné-Bissau é a droga, aqui é o petróleo. De modos que não existe diferença nenhuma. Saíram da mesma fornada, da mesma jornada.

In FOLHA 8
Imagens: Jornal de Angola

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